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Subprodutos da Soja

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Subprodutos da soja: conheça os destinos e usos da soja brasileira

Para onde vai a soja produzida no Brasil e o que é feito com ela? Confira nesse artigo seus destinos e os subprodutos da soja

 

A soja é uma das principais commodities mundiais, sendo conhecida como o “Grão de Ouro” do século 20 devido ao seu alto potencial nutritivo com alto teor de proteína (40-43%). 

É um produto versátil que possui múltiplas aplicações, razão pela qual possui alta popularidade em vários países.  

Na alimentação humana os produtos à base de soja são uma rica fonte de proteína, sendo uma interessante alternativa não láctea para pessoas com intolerância à lactose e diabéticos, pois são pobres em carboidratos, colesterol. 

É também usada na alimentação animal e tem vários usos nas indústrias químicas, cosméticas e para produção de biodiesel.  

A seguir abordaremos quais os principais destinos de mercado da soja brasileira e quais os seus derivados comuns e peculiares. 

Mercado da soja brasileira 

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de soja. 

Dados do fechamento do ano passado feito pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) indicou que o país teve produção de soja de 129,9 milhões de toneladas de grãos no ano de 2022, dos quais 39% (50,9 milhões de toneladas) foram usados para processamento pela indústria (Figura 1). 

Figura 1. Destinos e usos da soja brasileira produzida na safra de 2022. Dados: Abiove. Elaboração: Agroadvance.

As exportações do grão in natura foram de 78,7 milhões de toneladas (61% da produção total). Além do grão in natura o Brasil exportou também 20,4 milhões de toneladas de farelo de soja e mais 2,6 milhões de toneladas de óleo.  

O valor total gerado no Brasil em 2022 pelas exportações do complexo soja foi de US$ 61 bilhões. 

O grande comprador de soja do Brasil é a China que consome quase 70% da nossa exportação, segundo dados da Comex. 

Os dados também mostram que as vendas internas de farelo de soja foram de 18,9 milhões de toneladas e as de óleo de 7,2 milhões de toneladas, volume que inclui as vendas para mistura de biodiesel, mantida em 10% durante todo o ano. 

O principal estado produtor da soja no país é o Mato Grosso, responsável por mais de 30% da produção do país, seguido por Paraná (~ 10%) e Rio Grande do Sul (~ 8%). 

A diversidade de produtos derivados da soja 

De origem asiática, a soja é um dos mais antigos produtos agrícolas que a humanidade conhece e utiliza, seja na forma de grão ou na forma de subprodutos, como fareloóleo e farinha. 

Mas, apesar da maior parte do grão processados ter como destino a fabricação de óleo e farelo, os subprodutos derivados da soja também são utilizados nos mais diversos produtos. A soja é usada, por exemplo, em diversos bens de consumo, como cosméticos, farmacêuticos, produtos veterinários, adesivos, adubos, como formulador de espumas, revestimentos, tintas e plásticos. 

Principais subprodutos da Soja: 

A partir do grão, matéria prima da soja, diversos subprodutos são produzidos/fornecidos pela indústria. Dentre estes subprodutos, os mais importantes são: 

Óleo de soja 

óleo de soja é um subproduto decorrente do esmagamento do grão de soja utilizado como matéria-prima pela indústria para produção de óleo refinado, gorduras hidrogenadas, margarinas, maionese dentre outros produtos 

O óleo também tem sido utilizado em produtos industriais como tintas, lubrificantes, solventes, plásticos e resinas. 

Um dos componentes extraídos do óleo é a lecitina, uma substância emulsificante utilizada na fabricação de salsichas, sorvetes, barras de cereais, suplemento alimentar e outros. 

Mais recentemente, o óleo de soja tem sido a principal matéria-prima para produção de biodiesel no Brasil. 

 

Farelo de soja 

O farelo de soja é um subproduto da extração do óleo de soja. É produzido a partir da moagem de flocos de soja descascada e desengordurada. 

Embora o farelo seja considerado tecnicamente um subproduto, ele é a parte mais lucrativa da indústria de óleo de soja. O preço do farelo no mercado varia de acordo com o seu índice de proteína (43-48%). 

A sua utilização ocorre principalmente na forma de rações que são a base de alimentação para as cadeias de bovinos, suínos, aves, equinos e também na linha PET.  

Os maiores destinos do derivado brasileiro foram a Tailândia e Países Baixos e Indonésia, segundo dados da Comex. 

 

Biodiesel 

No Brasil todo o diesel que é vendido nos postos contém uma parcela de biodiesel, um combustível limpo e sustentável, que apresenta grande potencial na substituição de combustíveis derivados do petróleo e que apresentam cenários mais sustentáveis a longo prazo. 

Historicamente, o Biodiesel brasileiro é produzido, principalmente, a partir do óleo de soja, que representa cerca de 70% da matéria-prima utilizada para a produção do bicombustível no país (Figura 2). 

Figura 2. Distribuição de matérias-primas para a produção de biodiesel no Brasil. Fonte: Itau Brasil.

A criação de uma política para o biodiesel no Brasil, que se iniciou em 2003, foi essencial para a popularização do biodiesel, ajudando a incorporar este tipo de combustível na matriz energética brasileira.  

Desde então, a fabricação desse combustível vem crescendo de forma promissora e gradativa. 

  

Outros subprodutos da soja 

 

Farinha de soja  

Este é um subproduto com seu foco voltado para a utilização humana. A farinha de soja está muito presente na produção de pães, tortas, bolos e outros produtos da indústria de panificação.  

A farinha de soja também serve como uma substituição em ingredientes de origem animal, sendo uma boa alternativa para aqueles produtos que costumam apresentar preços mais elevados no mercado. 

 

Leite de soja (extrato proteico de soja) 

O leite de soja tem uma alta concentração de proteínas, possuindo quase os mesmos teores do leite de vaca, com a vantagem de não possuir lactose, sendo ideal para pessoas intolerantes 

Além disso, quando falamos em custo de produção, o leite de soja é comparativamente mais vantajoso, sendo também considerado uma excelente opção para promover substituições no mercado de dieta vegana, caracterizado pelo não consumo de produtos de origem animal. 

 

Carne de soja (proteína texturizada de soja – PTS) 

A proteína texturizada de soja (PTS) é representada pela polpa da soja, que é transformada em farelo desengordurado de soja, que depois de moído e texturizado origina-se o floco. 

Conhecida também como carne vegetal, a PTS é um alimento versátil que pode ser consumido como prato principal ou integrar preparações ricas em nutrientes e de fácil preparo. 

 

Uso da soja na alimentação humana e animal

 

Produtos derivados da Soja 

Os produtos derivados de soja são consumidos na alimentação humana normalmente frescos, fermentados ou produtos secos após diferentes processamentos métodos. O avanço tecnológico e a mudança no estilo de vida dos consumidores, tem levado ao foco em valor produtos adicionados de soja para serem consumidos como um alimento saudável alternativa de fonte de proteína vegetariana. 

Dentre os produtos derivados da soja podemos citar a farinha de soja, que é equivalente à farinha de trigo – com a vantagem de não possuir glúten, iogurte de soja, molho shoyu (molho de soja), tofu (queijo de soja), proteína texturizada (carne de soja), missô (pasta de soja), okara e endamme. Estes últimos são produtos com processos orientais, região na qual o consumo de soja é mais frequente e faz parte do cotidiano da população. 

Sivashankari et al. (2021) elencaram os produtos de alto valor agregado derivados da soja consumidos mundialmente (Figura 2).  

Figura 2. Possíveis produtos de valor agregado da soja e seus usos.

Benefícios à saúde da ingestão de produtos derivados da Soja 

Estudos mostram que o consumo da soja e seus derivados, fonte de isoflavonas, apresentam efeitos benéficos na prevenção do surgimento de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, hipertensão arterial e diversos tipos de câncer, além dos seus efeitos no controle dos sintomas da menopausa em mulheres (ZAKIR E FREITAS, 2015). 

 

Qualidade da matéria prima e sua utilização  

Como vimos neste artigo os grãos de soja colhidos no Brasil podem ser utilizados em uma série de cadeias, sendo a alimentação humana e a animal as de maiores destaques.  

Por isso, é essencial que esses grãos de soja colhidos a campo possuam as garantias mínimas de qualidade assegurados pelo MAPA e possuam o menor teor possível de grãos avariados (grãos mofados, ardidos, fermentados, etc), que reduzem a qualidade da matéria prima e afetam negativamente o processo industrial. 

 

Uso de subprodutos da soja na indústria química

Ácido Oleico 

A soja com alto teor de ácido oleico resulta em óleo que permanece estável em altas temperaturas, fator essencial para obter combustíveis e lubrificantes automotivos 

O ácido oleico também é muito utilizado como aditivo em base de sabões e sabonetes, para dar lubricidade e emoliência. É usado em bronzeadores e produtos solares e pós solares devido a sua capacidade de proteção e regeneração da pele dos danos e queimaduras causados pelos raios solares. 

 

Lecitina 

A lecitina de soja é resultante do processo de desodorização do óleo de soja e possui grande valor comercial, pois é uma substância amplamente utilizada na indústria farmacêutica e de alimentos como emulsionante em chocolates, tornando-os solúveis em leite, por exemplo.  

Também pode ser utilizada na composição de cosméticos, como pomadas e cremes, e ajuda a evitar o ressecamento da pele. 

A lecitina é um subproduto da soja indicada como auxiliar na manutenção de células nervosas, assim como para pessoas com problemas de hipercolesterolemia, possui também efeito no combate a obesidade, prevenção de derrames e enfartes e favorece o equilíbrio da pressão arterial.  

 

Outros produtos 

A soja é utilizada como ingrediente em espumas de estofamento sustentáveis (Foto: Divulgação/Cargill)

Outras categorias de produtos obtidos com soja são: adesivos, revestimentos, fibras, papel, plástico, tintas, borrachas, pneus e solventes. 

Indústrias de polímeros também vêm utilizando a soja como base para a fabricação de espumas para colchões e outros estofados. O ingrediente é um substituto natural e sustentável dos polímeros plástico, derivados do petróleo. Segundo a multinacional Cargill, cada 454 mil quilos de espuma de soja economizam aproximadamente 2.200 barris de petróleo (PETERSEN, 2022). 

Empresas dos Estados Unidos estão utilizando a soja como ingrediente base para fabricar placas de grama artificial. Em contrapartida ao plástico, o material tem um ciclo de vida maior e é 100% reciclável (PETERSEN, 2022).   

A soja é, portanto, a matéria prima do que chamados de química verde”, que utiliza fontes renováveis para produzir insumos, substituindo as fósseis, como petróleo, gás ou carvão. 

Conclusão  

O Brasil domina a produção e a exportação mundial de soja, que é utilizada principalmente na alimentação humana e animal.

A soja é um alimento quase completo, livre de colesterol e glúten, com uma grande porcentagem de proteínas.

Seus principais subprodutos são o óleo de soja, o farelo de soja e o biodiesel, mas a utilização de seus subprodutos se estende para as indústrias químicas, farmacêuticas e de cosméticos, principalmente para substituir produtos a base de petróleo, visando sustentabilidade do sistema produtivo. 

 

Referências consultadas: 

ABIOVE. Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. Disponível em: https://abiove.org.br. Acesso: 23/03/2023. 

PETERSEN, T.M. Para que serve a soja? Veja 5 usos além do óleo e do farelo. Globo Rural. 2022. Disponível em: https://globorural.globo.com/Noticias/Agricultura/Soja/noticia/2022/09/para-que-serve-soja-veja-5-usos-alem-do-oleo-e-do-farelo.html. Acesso: 24/03/2023. 

 SIVASHANKARI, M.; AKASH, P.; VIJAYAKUMAR S.; SADVATHA, R.H.; BORKAR, N. Value addition of Soybean. Food and Scientific Reports. V. 2, p. 60-65, 2021. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/349810354. Acesso: 23/03/2023. 

ZAKIR, M. M.; FREITAS, I. R. Benefícios à saúde humana do consumo de isoflavonas presentes em produtos derivados da soja. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.2, n.3, p.107-116, jul./set., 2015. http://dx.doi.org/10.18607/jbfs.v2i3.50. 

Artigo feito por: Beatriz Nastaro Boschiero. Disponível em: https://agroadvance.com.br/subprodutos-da-soja/

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